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Tópico: Psilocibina: Microdosagem Terapêutica

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    Psilocibina: Microdosagem Terapêutica

    COGUMELOS: CONHEÇA A MICRODOSAGEM

    A psilocibina não é uma novidade na ciência, mas seus estudos trazem descobertas interessantes sobre como ela pode ser usada em dosagens baixas para tratar diversas condições. Vem descobrir mais sobre isso com a gente!


    Grandes ícones da contracultura, as drogas psicodélicas já foram muito mais do que isso dentro da própria ciência. Antes de serem banidas como substâncias “potencialmente perigosas”, elas eram objeto de inúmeras pesquisas associadas a distúrbios mentais e traumas. A psilocibina, encontrada em uma grande variedade de cogumelos, e mesmo o LSD, já foram estudados por décadas como saídas alternativas para problemas como depressão, comportamentos obsessivos, compulsões e até mesmo aceitação da morte.

    Atualmente, esses estudos têm voltado à tona e dado origem a novas possibilidades de tratamentos, explorando o potencial terapêutico de cada substância. Os resultados positivos estão fazendo com que, pouco a pouco, esse tabu estabelecido pelo proibicionismo seja questionado - abrindo as portas para uma prática chamada de microdosagem. E o mais interessante é que mesmo pessoas saudáveis estão usando a substância para estimular a criatividade e melhorar a performance no trabalho.

    Nós já falamos sobre os cogumelos e sobre a psilocibina por aqui, mas também percebemos o interesse da galera em descobrir o que é a microdosagem e quais seus principais efeitos, sejam positivos ou negativos. A Alice já está fazendo esse tratamento, como a maioria consegue perceber acompanhando os stories lá do @girlsingreen710, e achamos legal usar as perguntas que recebemos para construir um texto bem explicativo sobre esse tipo de medicina, cheia de potencial, e que acreditamos que ainda vai ajudar muita gente.

    Vem mergulhar nesse mundo e descobrir mais sobre como a ciência psicodélica tem avançado nos últimos anos, e quais os principais pontos que você precisa saber sobre ela!


    Retomando: o que é a psilocibina?

    Como já explicamos no nosso texto sobre cogumelos mágicos, a psilocibina, presente nos mesmos, é um alcaloide psicodélico que ativa principalmente os receptores 5ht2a (receptores de serotonina), os mais proeminentes no córtex pré-frontal do cérebro – área responsável pelo nosso humor, cognição e percepção.

    A psilocibina é normalmente consumida por via oral, como em chás ou em alimentos. Cogumelos desidratados também podem ser esmagados em um pó e preparados em forma de cápsula para melhor ingestão - o que geralmente acontece na microdosagem. Alguns usuários revestem os cogumelos com chocolate - para tirar um pouco do amargo característico. A potência varia muito, e pode depender da espécie, origem do cogumelo e se ele é ingerido fresco ou seco - já que, em cogumelos desidratados, a presença do princípio ativo pode ser até 10 vezes superior.

    Além de tudo isso, a psilocibina é a substância psicoativa mais segura do mundo segundo o Global Drug Survey, levantamento de saúde pública feito com 120 mil usuários de drogas em 50 países.

    Uma curiosidade bem interessante é que a substância é usada desde a antiguidade, em rituais xamânicos espalhados pelo mundo. Por esse motivo, alguns estudiosos acreditam que ela pode estar ligada até mesmo ao surgimento do que conhecemos hoje como Papai Noel! John Rush, antropólogo e professor do Sierra College em Rocklin, na Califórnia (EUA), explica que o símbolo do Natal é a visão moderna de um xamã, que consumiu alteradores de consciência e seguiu em uma espécie de “quest mística e celestial”.

    Segundo essa teoria, toda essa história começou por causa dos xamãs das regiões siberianas e árticas, que deixam de presente nas casas um pacote cheio de cogumelos alucinógenos para celebrar o final de dezembro. Até alguns séculos atrás, eles colhiam o Amanita muscaria, secavam e distribuíam no solstício de inverno.

    Nem todos os cientistas concordam com isso, mas existem muitas semelhanças entre as práticas deles e do famoso bom velhinho.


    E o que são as microdoses?

    Como o nome já dá a entender, as microdosagens são uma forma de consumir uma substância psicodélica em pequenas quantidades. Muitos dos adeptos a essa prática contam que, após adicionar as microdoses de psilocibina à rotina, se sentem mais focados, dispostos e criativos, além de notar melhora nas habilidades sociais, menos ansiedade e estresse e até redução nos sintomas da depressão. Além disso, alguns entusiastas afirmam que a microdosagem ajudou a melhorar a sua conexão espiritual e expandir seus sentidos.

    Para a psilocibina, a microdose de um décimo de grama já mostra efeitos positivos.

    Atualmente, as pesquisas clínicas em compostos psicodélicos são limitadas e ainda estão em andamento. Entretanto, os relatos positivos continuam a aumentar - algo que justifica ensaios randomizados em grande escala, duplo-cegos, controlados por placebo para descobrir e estabelecer os benefícios fisiológicos e psicológicos que a microdosagem tem a oferecer.


    Mas quais são os benefícios já descobertos?

    Existem dois principais grupos de benefícios, que geralmente englobam uma ou mais razões pelas quais alguém procura esse tipo de terapia:


    Diminuição de sintomas de doenças e distúrbios, como:

    - Depressão;

    - Ansiedade;

    - Hiperatividade;

    - Distúrbios de humor;

    - Transtorno de Estresse Pós-Traumático;

    - Compulsões.


    Aumento na intensidade de sensações ou estados, como:

    - Criatividade;

    - Energia;

    - Produtividade e foco;

    - Melhora nas relações e aumento da empatia;

    - Coordenação atlética;

    - Desenvolvimento da habilidade de liderança.


    Esse verdadeiro renascimento psicodélico moderno reavivou o interesse crítico em inúmeras novas aplicações terapêuticas de compostos psicodélicos. O primeiro deles foi o LSD, e logo em seguida vieram os cogumelos mágicos, ou Psilocybe cubensis. Além disso, foi descoberto que a sua mistura com outras substâncias específicas causa uma espécie de "efeito de entourage micológico", como o exibido pelos compostos da cannabis. É a partir desse conceito que estão sendo desenvolvidos diversos tipos de suplementos para microdosagens, com os mais diversos focos em efeitos específicos - seja para ansiedade em pacientes com câncer, depressão, compulsões como o tabagismo ou mesmo experiências mais místicas.



    Fatos importantes para se saber sobre a psilocibina

    Enquanto a ciência dá passos cada vez maiores para entender melhor essa substância, culturas indígenas ao redor do mundo têm suas tradições solidificadas ao redor de plantas de poder e substâncias psicodélicas, como a psilocibina e até mesmo o DMT, encontrado na ayahuasca. Algumas das pesquisas mais promissoras giram em torno da capacidade de psicodélicos como a psilocibina de promover a plasticidade neuronal funcional e estrutural (por exemplo, a capacidade do cérebro de formar novas conexões neurais). Nesse campo, a psilocibina demonstrou causar neurogênese no hipocampo, parte do cérebro essencial para o aprendizado e a memória.

    Outro efeito interessante é que a psilocibina se mostrou capaz de modular as partes do cérebro que processam o medo, um dos fatores responsáveis pelos efeitos observados em pacientes com câncer com risco de vida que superam o medo da morte. Segundo estudos do micologista Paul Stamets, também é bem possível que a inteligência emocional aprimorada e a resposta de medo reduzida resultante dos cogumelos possam ter agilizado a formação de líderes entre grupos de humanos primitivos, ajudando as espécies a avançarem sobre outras no reino animal. Ele chama essa teoria de “The Stoned Ape”.

    Nessa mesma linha, existe a teoria de que foram os cogumelos que ajudaram no desenvolvimento da consciência do homo sapiens. Para os irmãos Dennis e Terence McKenna, essa narrativa pode explicar a rápida duplicação do tamanho do cérebro humano, que ocorreu em apenas 200 mil anos. Segundo eles, em pequenas doses, o composto psicodélico ajudava os caçadores, aumentando a quantidade de alimentos e a taxa de reprodução. Doses maiores levaram a uma maior excitação e união, diversificando a genética.

    Essa noção pode ser entendida com mais facilidade se você já experimentou a substância, pois mesmo para o psiconauta inexperiente, a psilocibina pode catalisar a evolução da linguagem, do pensamento estratégico, da imaginação e da criatividade artística.

    Hoje, as maiores apostas quanto ao uso da psilocibina tem relação a distúrbios psicológicos e mentais.


    Como são preparadas as microdoses?

    A parte mais complicada de preparar as microdosagens é estimar a quantidade de psilocibina existente em um determinado cogumelo. Afinal, mesmo entre a mesma espécie de cogumelos, pode existir uma variação na quantia de psilocibina. Independentemente disso, a recomendação é:

    - Secar um lote de cogumelos e triturá-los até formar um pó;

    - Depois, medir cerca de 0,1 g de sua microdose inicial

    - A partir daí, você pode ajustar o valor de acordo com o efeito desejado.

    Quando você toma uma dose que o faz sentir algumas mudanças (principalmente sonolência, o primeiro efeito que surge em uma viagem de psilocibina), reduza-a para um pouco abaixo dessa quantidade. Esse é o seu ponto ideal de microdose de cogumelo.

    Você pode usar qualquer tipo de cogumelo psilocybe para microdosagem. Os mais populares são Psilocybe cubensis, Psilocybe semilanceata, Psilocybe azurecens, Psilocybe cyanescens e Panaeolus. Esteja ciente da quantidade média de psilocibina no seu escolhido (por exemplo, os dois últimos são bastante ricos em psilocibina) e ajuste sua microdose a partir disso.



    E qual a frequência de uso recomendada?

    Os especialistas nesta área sugerem diferentes calendários de microdosagem. Um deles é o chamado sistema de James Fadiman, que recomenda tomar uma microdose a cada três dias, no seguinte esquema:

    - Tome uma microdose no dia 1.

    - Em seguida, não tome uma microdose no dia 2 ou dia 3.

    - No dia 4, tome outra microdose.

    - Continue este processo por várias semanas.

    Já Paul Stamets recomenda um protocolo de microdosagem diferente. Ele sugere tomar uma microdose todos os dias durante quatro dias, depois tirar três dias de folga para evitar o desenvolvimento de tolerância. Ele também sugere fazer da psilocibina uma parte central da mistura, que também inclui cogumelos juba de leão e niacina.

    Enquanto a psilocibina e a juba de leão têm a capacidade de criar novos neurônios e de reparar danos neurológicos existentes, a niacina transporta o GABA através da barreira hematoencefálica, o que ajuda na distribuição das moléculas de psilocibina.

    Segundo o especialista, juntos, eles podem auxiliar na reparação de neurônios, remoção de placas amilóides, melhoria da saúde mental, cognição, agilidade e melhoria geral de consciência. Conforme falamos mais acima, esses ingredientes teriam um poder bem parecido com o efeito entourage da cannabis, onde as substâncias atuam conjuntamente para elevar os benefícios e suprimir possíveis efeitos indesejados.


    Cuidados recomendados ao iniciar a microdosagem

    - Para a maioria das pessoas, a melhor hora para fazer a microdosagem é pela manhã. Assim, os efeitos benéficos duram o dia todo e não interferem na rotina de sono.

    - Tente seguir sua rotina normal durante a microdosagem para entender como ela afeta seu dia a dia. No entanto, quando você tentar microdosar pela primeira vez, tire um dia de folga do trabalho e dos compromissos sociais. Isso lhe dará a chance de notar quaisquer efeitos incomuns antes da microdosagem em uma situação mais pública.

    - Observe o efeito da microdosagem também nos dois dias entre as doses. Muitas pessoas percebem sensações aumentadas de criatividade e energia nos dias que seguem.

    - A microdosagem diária não é recomendada. Como seu corpo produz tolerância à psilocibina, você poderá notar uma diminuição no retorno após alguns dias se eles forem tomados todos os dias.

    - Outra desvantagem da microdosagem diária é a normalização de uma substância muito potente. Você pode compará-lo ao uso do café para fins de produtividade. Quando você bebe café todos os dias, com o tempo, você precisa aumentar a dose para obter o mesmo efeito. Em alguns meses, uma xícara se transforma em duas, três ou quatro xícaras.


    Existem riscos na microdosagem?

    Uma das questões mais arriscadas sobre a microdosagem é o proibicionismo. Em grande parte do mundo, o uso dos cogumelos mágicos é proibido - portanto, é fundamental verificar as leis locais antes da microdosagem para não correr riscos de enfrentar penas severas. Entretanto, a psilocibina tem um longo histórico de uso seguro, ainda mais na apresentação de microdoses.

    [...]a psilocibina é uma das substâncias mais seguras que você pode encontrar, tanto quimicamente quanto socialmente.


    Entretanto, é sempre interessante lembrar que os psicodélicos são substâncias poderosas, que podem amplificar o que você está sentindo no momento. Por isso, caso esteja em uma grande onda de ansiedade ou com outras sensações e sentimentos negativos, considere tomar em uma outra ocasião.

    Além disso, fatores pré-existentes como psicose, esquizofrenia ou ansiedade severa também devem ser observadas e discutidas caso a caso, preferencialmente com um médico de confiança. Também há um risco potencial para o coração de se tomar muitas doses grandes de psicodélicos por um longo período de tempo - mas ainda não sabemos como isso se traduz nos casos de microdosagem.

    Esse é um assunto extenso e incrível, e nós esperamos que vocês tenham entendido um pouco melhor sobre essa substância tão mágica que é a psilocibina. Embora ainda não existam tantas pesquisas sobre o assunto, a gente tá de olho nele e, conforme formos aprendendo mais, também vamos atualizando vocês por aqui.

    [...]
    ____________________________
    Fonte: https://girlsingreen.net/blog
    Original em: https://girlsingreen.net/blog/psilocibina-microdosagem

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    Legal Eyes (12-27-2021),Mr.Ganja (12-24-2021),Shariff (12-22-2021)

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